Storytelling

Somente histórias verdadeiramente impulsionam à ação

Aproxima-se a alta velocidade a época em que o medo ou a ganância ERAM os dois motores do copywriting, a “redação publicitária”, que trata das técnicas de “redação de marketing”, ou seja, a produção de textos especializados em fechamentos de conversão: persuadir e vender. Do dia para a noite aprendemos que, fora o medo de morrer sufocando numa cama infetada de um hospital de campanha, os outros medos, embora mais reais, não são tão mediáticos. Aquelas belas ofertas de ter uma casa numa ilha da Caraíbas, dois BMW’s na garagem e organizar festas de arromba, comer em restaurantes cinco estrelas ou viajar na classe Premium das melhores empresas aéreas do mundo, não terá mais qualquer significado. Para chegar à sua casa dos sonhos, terá de viajar? Vai aonde nos seus BMW’s? Quem, com uma mente sã, viria à sua festa, mesmo que lhe pagasse? Existirá nos próximos anos um restaurante chique — ou popular — realmente seguro? Acha que o vírus respeitaria uma cortina dentro de um avião?

Ou seja, ambição ou medo como eram antes, não será mais. Claro que, por um tempo, ainda seguirão esses modelos, do ganho fácil e do medo de não ter, não ser o primeiro. Mas com a grande exposição de todos nós a sites, “Landing Pages”, blogs, lives e tanto mais, estamos aprendendo a dar-nos conta de um texto original ou de um formulário. E agora, José das Fórmulas? O que fazer?

É lembrar, uma coisa que não pode ser subestimada há milhares, quiçá, milhões de anos: contar histórias é fundamental para a experiência humana. É uma parte essencial do que nos torna quem somos. Estudos (*) mostram que o Storytelling — a utilização de histórias adequadamente alinhadas para fazer aflorar emoções — “paga dividendos valiosos aos próprios contadores de histórias, melhorando as suas chances de serem escolhidos como parceiros sociais e receber o apoio da comunidade”. Daí, a importância do conhecimento teórico e prático de como funcionam as histórias também ser fundamental aos negócios — como há milénios tem sido fundamental à comunicação humana em todos os níveis. Histórias conectam! Afinal, não só agora, mas desde sempre, a coisa mais impactante que podemos fazer é fazer conexões.

Pense em todas as boas histórias que você já ouviu e apreciou —  sejam elas um podcast, uma canção, um livro ou uma história num bar, ou na sala de estar da sua avó Matilda —, tenho absoluta certeza de que todas elas fizeram com que você se sentisse conectado de alguma forma, não é verdade? E se o bom ‘contador de histórias’ é quem se torna o foco da festa e recebe mais apoio de sua ‘comunidade’, imagine o que uma empresa que conta uma história convincente pode se tornar. Imagine se você conta aquela história que todos carecem de ler? Você escreve aquele blog abordando assuntos que nos empurram para fora da nossa mesmice? Há muito mais na vida — e um período de confinamento ensinou-nos isso — do que medos absurdos (de não ser bonito, de não pertencer, de ter partes do corpo menos ou maior que a média, de ser gordo, magro, careca, infeliz, solteiro etc etc etc.. e tal!) ou a inveja, que é a mãe da ganância (o ter um salário de 6, 10, 12, infinitos dígitos, adquirir toda a sorte de futilidades, mostrar para os outros que é escolhido por divindades que, se sabe, nem existem).

É exatamente isso que tenho mostrado em diversas LIVES, cursos, brevemente, mais livros: o meio virtual veio para ficar, os medos são outros e a ganância está passando a ser vista como sempre deveria ter sido: algo nojento e ridículo. Pois jogou na cara dos gananciosos que, por causa da ganância, um dia desses, um vírus ou bactéria, num mercado em qualquer rincão, onde os pobres se abastecem de comida, poderá chegar à sua porta, às suas mãos e o ganancioso morrer sufocado, sem ar. Ar: justamente o que é grátis — ou não tem preço.

São palavras fortes? Muitos dirão que não é bem assim? Obviamente, não sou profeta nem acredito em quem se diz ser. Mas consigo viajar no tempo, em direção ao passado, no Google mesmo, lendo documentos desde os tempos em que a humanidade começou a produzi-los. Mudou o cenário, o contexto, portanto, mudaram as histórias. O novo formato de comunicação será o totalmente interativo, prosperará quem o ajudar a criar uma narrativa mais forte e a contar uma história mais convincente usando as estruturas comprovadas desenvolvidas há milénios, quando, talvez, nem existisse a fala como a concebemos.

Você nunca contou uma história?

Não tem problema!

Imagine-se na sala da sua tia e comece contando o que lhe aconteceu hoje para que a sua tia SAIBA, SIMPATIZE com a sua luta para chegar à casa dela e lhe CONCEDA a maior fatia do bolo acabado de fazer.

Comece por aí. Se gostar, haverá muitas portas pelas quais poderá ingressar neste mundo mágico em que uns visitam, sem pudores, as mentes e corações dos outros, transformando as suas próprias vidas e as deles, transformando culturas empresariais fossilizadas, dando novos rumos às empresas e às pessoas que serão as líderes de agora em diante.

Se desejar, reabasteça a sua criatividade lendo poesia, pois poesia permite que você se apaixone pela linguagem, pelo ritmo da vida no planeta. Há tanta informação nova a processar, a poesia, então, tem essa capacidade de dividir tudo em pedaços menores e mais ricos, ajudando-o a contar histórias mais instigantes, impactantes e transformadoras. Na minha trajetória de mais de 40 anos de trabalho nesta área do conhecimento, insisto: as pessoas se veem nas histórias, e é isso que torna o Storytelling — o como melhor alinhar e contar histórias — tão poderoso. Nas histórias, você experimenta uma jornada, experimenta o mundo com lógica alternativa, desenvolve um forte senso de empatia com personagens como e diferentes de você, e faz isso por uma simples razão: as histórias, sobretudo, mexem com o que está acontecendo dentro de você.

(*) Ler 5 Lições de Storytelling – Persuasão, Negociação e Vendas, de James McSill (674 páginas, Ed. DVS, Brasil)

James McSill

Consultor Internacional em Storytelling

 

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