Por um lado, “trabalhar de casa” significa que podemos ter mais tempo nas nossas mãos, por outro lado, as nossas rotinas habituais se mesclam com as rotinas de trabalho e uma acaba por interromper a outra. Isto é bom? Ruim? Tanto faz? Diferente? Viagens planeadas foram canceladas. Oficinas e conferências foram adiadas, tornadas “virtuais” ou ambas. Nada é como antes. Nada será como antes? Para a maioria de nós, sentimos uma imensa incerteza quanto à nossa renda salarial: quanto tempo durará essa interrupção do ‘normal’?
O normal era gerarmos impacto, influência e RENDA a trabalhar presencialmente, salvo as exceções.
Da noite para o dia, o normal é gerarmos impacto, influência e RENDA a trabalhar remotamente, salvo as exceções.
O mundo virou de cabeça para baixo e, com ele, viraram as histórias, isto é, o conjunto de mitos pelos quais pautamos a nossa vida. E agora José? E agora Maria? Diz-me o que alguém pode fazer nestas circunstâncias para obter o mínimo, ou UM mínimo, de garantias, de segurança? Exceto ter-se cuidado com a exposição a infeções enquanto se permanece conectado por telefone, Zoom, email e mídia social, pouco ou nenhum controlo temos sobre as ‘histórias antigas’. E, talvez, todos aqueles planos estratégicos, estrategicamente alinhados e negociados com a família, o patrão, o padre ou o pastor, que serviria de base para o nosso futuro esvaíram-se no ar com uma nuvem de fumaça.
Só que, não é frase-feita, é real: nas crises aceleram-se as tendências e surgem novas oportunidades. O paradoxo: o mundo parecia que estava equilibrado no seu costumeiro desequilíbrio, mal ou bem, nos satisfazia, pelo menos, por ora, a demanda reprimida poderia ser gerida. De repente, a imaginada demanda reprimida e as novas necessidades são outras. Os mitos religiosos tinham a demanda de confortar, libertar, inspirar, por que não?, serem portadores da esperança da cura. Tudo isto caiu por terra? Yuval ou Dawkings estavam mais certos que o papa? A história em que eu acreditava que me salvaria não me salva mais? A história que eu usava para atrair clientes não os atrai mais? A história que eu usava para conquistar não conquista mais nada nem ninguém? E agora José? E agora Maria? Depois que a pandemia terminar oficialmente, pode haver uma demanda extraordinariamente alta pelos seus serviços, baseados nas velhas histórias que vocês contavam? Afinal, as pessoas têm fome de contato, de experiências em grupo, as pessoas foram apenas forçadas a adiar os seus projetos ou eventos e podem, você jura para si mesmo, estar ansiosas para continuar de onde pararam. Tudo há de ser igual. Tudo será como dantes.
Ah… se fosse. Quando na História Humana a bonança pós tempestade foi voltar ao que era antes do intempérie climático?
Há anos venho alertando, eu e os meus colegas estudiosos do fenómeno de como se portam as histórias — o Storytelling — devo dizer e muitos indivíduos e organizações tiveram a chance de sonhar de novo, de decidir assumir novos projetos ousados, projetos que criaram-lhes novas oportunidades e os deixaram prontos para avançar para um cenário de rápida mudança. Sim, muitos aproveitaram a oportunidade de profissionalmente trabalhar as suas histórias, de entender e praticar a manipulação (entenda como queira, se numa acção positiva ou negativa da palavra) dos elementos subjacentes as histórias para que se tornassem instrumentos de transformação da realidade. Sim. Muitos. Mas não todos. Muitos, mas ainda assim, a minoria. A maioria que, como cães famintos, não soltou o osso, porque não teve coragem ou não sabia que ossos podem ser soltos e novos ossos encontrados.
Então, a hora é agora, enquanto ainda há tempo. Esse período atual de interrupção forçada pode ser uma oportunidade, uma chance ou, quiçá, uma hipótese pelo menos de nos prepararmos para essas novas oportunidades! A resposta está em, com máxima urgência, capacitarmo-nos a esse mundo novo. Pois que será novo é inevitável, mas se será admirável caberá a cada um de nós.
E aí entram as histórias. Aí entram os profissionais de histórias. Aí entra o tão aclamado Storytelling que, longe de ser uma panaceia às suas desgraças e às da sua empresa, é a base de toda arte e ciência que poderá apontar-lhe um novo caminho. Antes, ser ‘craque’ em Storytelling era uma opção, agora é instrumento de sobrevivência. Vale lembrar que as histórias permeiam toda a comunicação humana, que nada tema ver com ‘texto publicitário? (copy), com técnicas de venda, com isto ou com aquilo. As histórias servem para encantar e MUDAR perceções, perceção mudada, mais fácil será mudar o COMPORTAMENTO. Um caminho para o ‘clique aqui para adquirir’ continuará existindo como sempre existiu. Mas não será ‘o’ caminho com que você se acostumou, é outro. Com o mundo ao avesso, é o avesso do velho caminho, com o mundo de cabeça para baixo, o caminho que subia é o que ora desce. Se não crer no que digo, veja por si as histórias do que se achava que o mundo demandava antes da febre amarela e o que houve com o mundo após a febre amarela.
Leia sobre a Peste Bubónica no século 14, a praga que atingiu a Europa por volta de 1350 foi aterrorizante e matou cerca de um terço da população, mas pode ter ajudado a região a se desenvolver. A enorme mortalidade causou escassez de mão de obra para os proprietários de terras, fazendo com que o sistema velho sistema feudal, que forçava pessoas a trabalhar nas terras de um senhor para pagar seu aluguel, começasse a desmoronar.
Ou leia sobra a Febre Amarela e como o Império Francês (e o mundo da época) mudou pós pandemia. Em 1801, após várias revoltas de escravos contra as potências coloniais europeias, o líder Toussaint Louverture governava o Haiti com o aval da França. No entanto, Napoleão Bonaparte se declarou cônsul vitalício, decidiu assumir o controle total da ilha e enviar dezenas de milhares de tropas para tomá-la à força. No campo de batalha, tiveram bastante sucesso. Só que o interesse de Napoleão pela América terminou depois que suas forças foram derrotadas no Haiti. O efeito da febre amarela foi devastador. Cerca de 50 mil soldados, oficiais, médicos e marinheiros teriam morrido e apenas cerca de 3 mil retornaram à França. Com os seus exércitos derrotados e desmoralizados, Napoleão abandonou não apenas o Haiti, mas também as ambições coloniais da França na América do Norte.
Quando a pandemia finalmente terminar você precisa estar preparado, será a hora de agir — de estar preparado para novas ações ousadas —, pois a não preparação será um passo em direção ao abismo. Tão incertas quanto as coisas parecem agora, não deve ser um empecilho para que abracemos a oportunidade para aprimorar as nossas habilidades, capacitar-nos a fim de concluir em novas bases projetos interrompidos e prepararmo-nos para ajudar a nós mesmos, às nossas empresas, a sociedade a alcançar as oportunidades, hoje imprevisíveis, de um mundo pós-pandemia. Uma coisa é certa, os mitos antigos estão ruindo. Não só aqui na Europa, mas no mundo inteiro, tem-se argumentado que no mundo que surgirá no pós-pandemia o movimento será em direção à modernização, longe de valores hoje ‘tradicionais’ quer no âmbito do comportamento, dos mitos religiosos ou de organização social. E você, que tem de estar preparado para isso, está?
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Quem é James McSill?
James McSill é um escocês multilíngue, que fala português e algumas outras línguas. É o CEO do McSill Story Studio, com sedes na Inglaterra, Escócia e Portugal. Atua em todos os continentes em parceria com o D.I.T — Departamento de Negócios Internacionais da Inglaterra. James tem mais de 25 livros publicados, mais um sendo lançado em São Paulo esta semana. O seu McSill Story Studio leva técnicas de criação e aplicação eficazes de ‘histórias’, tendo como missão: ajudar empresas e pessoas a melhor contarem as suas histórias. Além do mundo corporativo, James empresta o seu talento como ‘consultor de histórias’ a dramaturgos, cineastas, roteiristas, palestrantes, políticos e professores que precisem comunicar melhor os seus propósitos, ilustrar com histórias as suas obras ou persuadir, negociar e vender mais e melhor. James é o único consultor de histórias a estar presente em todos os continentes, fala diretamente a mais de 20 mil pessoas ao ano, ajudando dezenas de profissionais a lançarem livros ou a avançar as suas carreiras. Não só isto! Por meios das suas histórias no campo do entretenimento (TV, Teatro, Cinema e Parques de Diversão), a sua voz, chega a atingir mais de 100 MILHÕES DE PESSOAS mundo afora, muitas vezes em um único mês.