Quando se fala de comunicação, é habitual falar-se da qualidade da mesma. Uma das coisas que é mais frequentemente mencionada hoje em dia, é falarmos de interferências na comunicação.
Este tema surge muitas vezes quando falamos ao telemóvel e referimos à outra pessoa que está a falar connosco do lado de lá, que não a estamos a ouvir bem. Quando isso acontece, indicamos-lhe que a ouvimos com alguns cortes. Pedimos que repita o que disse e também que procure um local onde tenha mais rede para não termos tantas interferências. Em resumo facilmente damos conta das interferências e procuramos um ajustamento para melhorar a comunicação.
No entanto, quando falamos em termos de comunicação (e não de ‘tele’comunicações), surgem muitas interferências na comunicação que nem sequer nos damos conta e que podem estar na origem de muitos mal entendidos. Baseadas em pressuposições, constituem armadilhas comunicativas que habitualmente estão presentes nos enredos das relações. Repare-se que a palavra pressuposições em si já diz tudo basta dividi-la em dois: pré – suposições. É como se fossem actos adivinhatórios que damos como certos. Vamos aqui referir as 7 interferências muito comuns às quais deve ter atenção:
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Leitura mental
É quando dizemos: “já sei o que estás a pensar”. Devido à capacidade que temos em ler as expressões dos outros convertemo-nos em adivinhos, interpretando o outro baseados na nossa história pessoal.
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Querer ter razão
Todos queremos defender o nosso ponto de vista, o nosso mapa da realidade como se fosse o mapa de um tesouro. Querer ter razão está diretamente ligado com a autoestima. Se numa conversa eu tiver um ponto de vista e o outro me mostra constantemente que não tenho razão, a médio e longo prazo posso vir acreditar que a minha opinião não tem valor e que não tenho nada importante para dizer. Muitas vezes as pessoas lutam pelas suas opiniões como forma de afirmação da sua identidade.
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Julgar
Julgar o outro tem sempre a ver com projeções pessoais. Assim, o que julgamos normalmente tem a ver com algo que nos falta ou algo que temos a mais. Se julgamos o outro por falar muito alto, das duas uma, ou eu também falo muito alto ou falo muito baixo. Vemos nos outros o que queremos ver (com base na nossa própria história pessoal), e julgamos desejando ter razão.
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Aconselhar
As melhores pessoas que poderiam dar conselhos são precisamente aquelas que não o fazem, porque sabem que não devem dar conselhos, pois cada qual vai aprender com as suas próprias experiências. Há uma comunidade de almas caridosas que adoram oferecer conselhos que normalmente não aplicam a si mesmos, usando expressões como: “Se fosse a ti…”, “Eu, no teu lugar…”, “Eu cá não sei, mas o que faria…”, “Sabes o que podes fazer?”
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Interpretar
Atribuir intenções às pessoas é outro dos jogos sociais que provocam muitos desentendimentos. Ao interpretar assumimos intenções aos comportamentos dos outros, associados aos nossos próprios comportamentos em determinadas situações. Por exemplo: “Se uma pessoa trabalha até tarde é porque não liga nenhuma à família” ou “Se ele fez essa cara é porque está chateado”.
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Dizer o que se deve sentir
É quando temos a mania que dizer aos outros como se devem sentir. “Vá lá, não fiques assim,… não foi caso para tanto”. Pode ser que na nossa interpretação as coisas não tenham tanta importância, mas devemos respeitar os outros, incluindo as suas emoções e sentimentos.
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Escutar-se a si próprio
Muitas das vezes que comunicamos com outra pessoa, travamos um outro dialogo em simultâneo dentro da nossa cabeça – o dialogo interno. Quando começar a perceber que deixou de escutar a outra pessoa porque se está a escutar a si mesmo, corte o dialogo interior e intervenha na comunicação.
Cristina Gonçalves e Ricardo Laranjeira in Comunicação Mais Eficaz
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