“Portugueses tomam cada vez mais antidepressivos”, esta notícia já foi transmitida há mais de dois anos na SIC (ver AQUI) mas garanto-lhe que continua atual.
Esta notícia que não mostra uma situação nova, mas que de alguma forma se tem vindo a agravar é claramente preocupante. Na notícia referem o perigo da habituação e dependência de fármacos para resolver algo que consideram uma “epidemia”. Mas epidemia de quê? Ansiedade, preocupação, medo, tristeza… são todos sinais de uma crise de identidade e sentido.
O ser humano está a chegar a uma fase de desconexão tão grande para com a sua verdadeira essência e poder pessoal, que só lhe resta recorrer às drogas ou suicídio, pois viver desta forma se tornou deveras insuportável.
Mas do que estamos realmente a falar?
É claramente uma identificação excessiva com as questões materiais e terrenas, e uma alienação da vertente espiritual e sagrada que existe em cada ser humano. Quando desconhecemos que somos mais que um corpo, que estamos na vida para fazer mais do que trabalhar, procriar, comer e divertir-nos, mais cedo ou mais tarde a vida como a conhecemos perde o sentido.
Esta perda de sentido que leva ao vazio interno e muitas vezes ao desespero, tem sido potenciada nos últimos anos pela tão falada “crise económica”. A maioria das pessoas já não pode levar as vidas que levavam antes e, que muitas vezes utilizavam como pontos de fuga para não sentir esse vazio interno. Compras (consumo de vários bens materiais), noitadas, copos, viagens, sexo, etc serviam de distração para nos fazer acreditar que estávamos a viver uma boa vida.
Com a diminuição de ordenados e em muitos casos a perda de emprego todos, direta ou indiretamente, fomos obrigados a conter-nos mais e a virar-nos para dentro. Esta mudança de perceção, de fora para dentro, fez-nos ver o que dantes lutávamos para não ver. Os padrões de comportamento, emoções, e situações mal resolvidas que com tanto esforço tentámos esconder. Tudo está a vir ao de cima, para ser olhado, curado e transmutado.
Quem não consegue perceber este processo, sente-se frequentemente sem recursos internos para lidar com uma situação que muitas vezes se apresenta avassaladora. É nesses casos que procuram ajuda de recursos externos: antidepressivos e ansiolíticos, na esperança cega de resolver todos os seus problemas, não percebendo que dessa forma irão camuflar, ocultar e esconder mais os sintomas, continuar a sentir-se sem rumo e gastar o resto do dinheiro que possa sobrar e que poderia ser utilizado para comprar um bom livro de autoajuda, assistir a um curso ou fazer terapia.
Quando somos capazes de reconectar com essa parte divina e sábia que existe em cada um de nós, somos capazes de entender os processos que atravessamos e o que devemos aprender, curar, resolver e transmutar com eles. As coisas muitas vezes não se tornam mais fáceis, mas sentimo-nos com mais poder para as encarar e resolver. Resgatamos a nossa Força Interior. Decidimos não entregar o nosso poder pessoal a um comprimido, afastando-nos assim da nossa responsabilidade para criar a vida que queremos. Decidimos que cada um de nós é quem tem o poder de mudar a sua vida para melhor. Muitas vezes precisaremos de ajuda externa, mas essa ajuda será para nos “empoderar” e não para nos tornar viciados e dependentes de algo ou alguém.
Portanto, retomar o controlo das nossas vidas está à distância de uma tomada de consciência que imediatamente nos leva a um momento de escolha. Quando tomamos a decisão, abre-se um novo caminho de possibilidades à nossa frente. Tenhamos nós a Força Interior para o percorrer.
Cristina Gonçalves e Ricardo Laranjeira
Formadores, autores e ccoaches
Saiba mais no Workshop Viver com Força Interior