Natal, um momento tão especial do ano, somos convidados a relembrar a importância da família, da partilha, do dar e receber presentes e convívios, mas resta-nos questionar o real valor de todo este alvoroço que surge quase que por obrigação numa altura pré-definida mundialmente. Porquê só agora esta euforia em dar e receber e não todo o ano?
Consumimos o pouco tempo que temos e aventuramo-nos em centros comerciais lotados de gente e stress, gastando as poucas energias que ainda sobram depois de um dia ou semana de trabalho, para encontrar a prenda ideal que fará felizes aqueles que mais queremos. É uma altura em que aproveitamos para dizer e/ou mostrar aos mais próximos o quanto gostamos deles, o quanto são importantes para nós.
Temos a capacidade de abdicar do nosso precioso tempo livre disponível para ler um livro, praticar exercício, ver um programa de televisão ou simplesmente descansar, em prol desses “outros” importantes na nossa vida, mas será que algum de nós é capaz de parar durante um mero instante para questionar-se sobre a pessoa realmente mais especial de todas?
Provavelmente não. E fica a pergunta no ar. Mas quem é realmente a pessoa mais especial e importante de todas? A minha mãe? O meu filho? O meu marido? A minha namorada? Deus?
Não! A pessoa mais importante de todo o mundo és simplesmente tu mesmo! Sim, é verdade. Tu, unicamente tu. Já pensaste que se tu não existires, deixam de existir outros? A importância dos “outros” na tua vida é definida em função da tua existência. Então, se tu és a pessoa mais importante de todas, já pensaste em usar o teu precioso tempo para comprar uma prenda a ti mesmo?
Dar e receber não se aplica apenas aos demais, aplica-se primeiro e fundamentalmente a ti mesmo. Não podemos dar aos outros aquilo que não temos. É necessário nutrirmo-nos, cuidarmo-nos, investir tempo para nos conhecermos e nos sentirmos bem, realizados e satisfeitos, e só assim estaremos em condições de partilhar com os outros o melhor de nós mesmos: a nossa alegria e boa disposição, a nossa paciência, a nossa coragem e determinação, o nosso verdadeiro EU.
É necessário que haja um equilíbrio dinâmico entre dar e receber, só assim haverá harmonia nos nossos atos, pensamentos e emoções. Tudo o que dermos a nós mesmos e aos outros receberemos de outra forma. É uma lei universal que não falha.
Aproveita então, esta quadra natalícia para dar a ti próprio o que mais precisas, aproveita para te conheceres um pouco melhor, para te sentires mais inspirado, para fazeres o que mais gostas, para teres tempo livre, para ires a algum lugar que te faça sentir bem. Essa sim será a melhor de todas as prendas que poderás dar a alguém que é muito, muito especial. TU!
Cristina Gonçalves e Ricardo Laranjeira